Consigo ultrapassar? Quem não dorme perde a capacidade de avaliar riscos.
É comprovado que a privação do sono afeta as faculdades mentais, ficar sem dormir pode ser comparável ao efeito causado pelo álcool:
“Após 19 horas acordado, o motorista experimenta efeitos semelhantes ao de ter ingerido seis copos de cerveja”, diz o diretor do Centro Multidisciplinar de Acidentes e Sonolência (CEMSA).
Não respeitar o descanso afeta diretamente o cérebro, causando dificuldades de planejar, executar tarefas, lentidão de raciocínio e falta de atenção. Como consequência direta o risco de acidentes aumenta, e muito.
Lei do descanso, demorando mais para chegar, mas chegando.
Um estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, constatou que o sono e fadiga são a terceira maior causa de acidentes. Com o objetivo de diminuir os acidentes, a ANTT criou a Lei do Descanso (nº 12.619) em 2012.
A Lei se aplica ao caminhoneiro, tanto empregado quanto autônomo, e determina que:
- A jornada diária de trabalho deve ser de 8h, com máximo 2h extras por dia, sem exceder o limite de 44h semanais;
- Intervalo de no mínimo 1h para cada refeição;
- Descanso semanal de 35h;
- Repouso de 11h a cada 24h;
- Intervalo mínimo de 30min para cada 5h30min dirigindo sem parar.
Cabe ressaltar que a Lei também garante o pagamento de horas extras, adicional noturno e tempo de espera:
- Horas extras são remuneradas com 20% a mais do que o normal;
- Adicional noturno de 20% a mais em relação às horas diurnas (horário noturno: entre às 22h e às 5h da manhã.)
- 30% sobre o salário-hora normal para pagar as horas em espera. Podemos considerar horas de espera, como tempo de carga/descarga e fiscalização da mercadoria transportada.
Caminhoneiros são os trabalhadores que mais se arriscam no Brasil
Algumas pessoas precisam de uma motivação extra para entender a importância do descanso, se você é dono de uma transportadora ou gerencia diretamente motorista, use esses números como motivação:
Entre 2007 e 2016 foram registrados 16.568 mortes no trânsito, 13,2% são de motoristas de veículos pesados, a categoria é a que mais morre em acidentes. Os dados são do Sistemas de Informação de Agravo e Notificações (Sinan) e do de Mortalidade (SIM).
Além dos óbitos, existem acidentes que causam a incapacidade permanente de voltar a trabalhar, o ramo de transportes ocupa a segunda colocação, perdendo apenas para o segmento de construção cívil.